MORADAS DE JOÃO MONLEVADE
O Coletivo Atresliê, formado por Júlia Cecília, Lu Azevedo e Marcos Lizardo, é mais que um grupo de artistas, é uma fusão de almas criativas que trabalham com diferentes linguagens e materiais, que resultam numa produção artística que dá vida a uma variedade de expressões do trabalho artesanal e artístico, sempre em busca de inovação e originalidade.
Essa busca leva o Atresliê à presente proposta de uma exposição em que serão produzidos dez (10) painéis feitos em madeira e em troncos, procurando retratar de forma figurativa o pitoresco aproveitamento do espaço na construção de moradias, sobretudo as localizadas nos muitos morros que formam a cidade. A ideia central é fazer um recorte dessas imagens da paisagem, transpondo para os quadros e peças a representação do que se observa em termos de moradia aqui na cidade, similares às construções muitas vezes encontradas nas favelas e periferias de algumas grandes cidades.
Para ilustrar essa inspiração, a Exposição contará com registros fotográficos de várias localidades da cidade. As peças serão elaboradas em madeira entalhada, formando as casas que serão montadas em painéis e troncos de madeira. O Atresliê, partindo de sua produção de casarios, terminou por criar os quadros em madeira que muito se assemelham às favelas e moradias de bairros periféricos das médias e grandes cidades. Em João Monlevade, inspirou-se por sua topografia característica, com as construções nos muitos morros, como pretendemos mostrar na exposição.
Depois de termos passado por um tempo obscuro de nossa época, com grave crise das instituições democráticas, com o aparecimento de estruturas autoritárias, com grande desvalorização de tudo o que se refere ao social, ao popular, ao educacional e ao artístico, e também considerando a grande quantidade de informações e a facilidade de acesso a elas proporcionados pelas redes sociais e internet em geral, sem esquecer de mencionar a ampla utilização dos recursos da Inteligência Artificial (IA) em grande parte das formas de expressão, quer seja na produção de textos e imagens e mesmo áudio, não tememos considerar que a arte e a cultura ou perdem ou estão ameaçadas de perder muito da sua riqueza como uma produção predominantemente humana.
Este projeto procura resgatar a valorização da produção humana em termos de arte e cultura, que se inspiram no mundo em que vivemos, nas histórias que preservamos para contar a outras gerações e na realidade em que todos estamos imersos. Portanto, se faz necessário esse resgate desse caráter da arte e cultura, essa relevância da produção artística como produção predominante humana.
Acreditamos na força da juventude, sem desmerecer qualquer daquele que tenha interesse e sensibilidade para essa reflexão e para a construção de um mundo mais belo, melhor e mais justo.

